Despesas com clientes consomem 89% do faturamento de operadoras de saúde, diz pesquisa

Em 2021, os gastos relacionados aos clientes constituíram 86% do total de R$ 286 bilhões em receitas das operadoras de saúde no Brasil, de acordo com informações divulgadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
A Hapvida, a maior empresa de planos de saúde em termos de usuários pagantes no país, conseguiu reservar R$ 500 milhões, o equivalente a cerca de 5%, dentre os R$ 9,8 bilhões de faturamento registrados no ano de 2021. Já a NotreDame Intermédica, outra importante empresa do setor, registrou um prejuízo de R$ 171 milhões no mesmo período.
Para enfrentar a situação em que as despesas estão consumindo uma parcela substancial da receita, muitas dessas empresas estão adotando uma estratégia de negócios conhecida como verticalização.

A verticalização envolve o processo no qual essas operadoras de saúde adquirem seus próprios hospitais, laboratórios e outras instituições de saúde. Em outras palavras, elas não estão apenas pagando faturas provenientes de clientes com convênios médicos, mas também estão buscando se tornar proprietárias desses empreendimentos.
Esse enfoque permite ao plano de saúde assumir o controle de seus próprios gastos, que anteriormente eram terceirizados, com o objetivo teórico de reduzi-los e garantir sustentabilidade financeira.
Sandra Franco, advogada e consultora jurídica especializada em saúde, observa que a verticalização oferece vantagens para um mercado mais equilibrado, uma vez que as operadoras podem negociar com maior eficácia com as redes que elas próprias possuem. Acredita-se que as margens de lucro possam melhorar à medida que as operadoras de saúde se tornem proprietárias das instituições de saúde que representam custos significativos.

Franco também prevê o surgimento de novas oportunidades de receita a partir dos negócios verticalizados na área da saúde. Ela afirma que essa estratégia pode facilitar investimentos internacionais para as operadoras, já que, ao contrário dos hospitais, elas têm permissão legal para receber investimento estrangeiro.

Embora o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) tenha manifestado críticas à verticalização, expressando em nota preocupações sobre a qualidade dos planos privados para os consumidores, o analista de saúde do Itaú BBA, Vinícius Figueiredo, argumenta que esse movimento tende a aumentar o número de usuários dos planos de saúde.
Ele enfatiza que, ao otimizarem seus custos, os planos de saúde podem oferecer preços mais competitivos. Figueiredo explica que foi a adoção da verticalização que permitiu às operadoras Hapvida e NotreDame Intermédica ganharem uma significativa participação de mercado em relação aos concorrentes.

O analista ainda destaca que as empresas Hapvida e NotreDame Intermédica, que estão em processo de fusão para se tornarem o maior grupo de saúde privada do país, são mais lucrativas do que as operadoras Bradesco Saúde, Amil e SulAmérica, justamente porque optaram por verticalizar suas atividades.

Além de abordar a tendência de verticalização nas empresas de planos de saúde no Brasil, o programa “CNN Soft Business” deste domingo (7) também apresenta uma matéria sobre o último almoço beneficente organizado por Warren Buffett, considerado o maior investidor de todos os tempos. Você pode assistir ao programa completo no vídeo.